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A Lei das Leis

A Lei das Leis

Lidando com ciência, convivo com certezas e suposições, erros e acertos, sucesso e decepção. Inevitavelmente, qualquer processo científico depende de um número razoável de variáveis, algumas com mais relevância e outras praticamente dispensáveis. Interessante que, dependendo do processo ou aplicação, essas variáveis podem permutar seus níveis de importância. Em termos práticos, poderíamos exemplificar com algo bem simples. Experimente colocar a mão para fora da janela de um veículo que se mova em alta velocidade. Com toda certeza, você sentirá a força que a resistência do ar exercerá sobre a sua mão. No entanto, se você repetir o mesmo experimento, porém, com o veículo em baixa velocidade, o efeito sentido anteriormente ficará severamente reduzido, praticamente imperceptível. Pode parecer óbvio, contudo, a intenção foi reforçar mais uma das inúmeras lições que a natureza tem a nos ensinar.

Assim como nos fenômenos naturais, as relações sociais estão condicionadas a variáveis que, em conjunto, discursam equações que garantem a sobrevivência da raça humana. Sim, reafirmo que de forma similar às leis naturais, nossos relacionamentos e nossa sobrevivência também dependem de uma regra universal, capaz de potencializar ou minimizar as variáveis corretas, dependendo das mais diversas situações ou circunstâncias. Enquanto os físicos teóricos e astrofísicos se esforçam para unificar as leis naturais que governam o universo, a lei geral para os relacionamentos profissionais e sociais está unificada, é única e clara desde o princípio. Essa lei universal, luta contra qualquer idealismo que torne prevalente variáveis indesejadas, que descompense ou desconstrua as “equações” formalizadas com sabedoria desde a Criação.

As mais diversas áreas poderiam opinar sobre a tal lei universal para as relações pessoais. Cada qual procuraria valorizar as variáveis de maior importância para si, algo natural da cosmovisão construída pelas práticas e teorias consolidadas por estudiosos e profissionais ao longo de séculos. Talvez, a filosofia se aproximasse de uma boa resposta ao reconhecer o valor enobrecedor da ética. Muito acima da moral, que expressa hábitos e costumes polarizados pelo senso comum, a ética se aventura com imparcialidade e com extrema liberdade para questionamentos, estabelecendo parâmetros para se julgar o certo ou errado. Isso é o que determina o peso adequado a cada variável para garantir a sobrevivência e a dignidade das relações pessoais.

Como professor e cientista, defendo a dialética, estou aberto à liberdade de expressão, gosto de ouvir opiniões, porém, condeno fortemente qualquer tentativa de assédio, seja moral, psicológico ou físico, e, acima de qualquer opinião ou sentimento, defendo que o direito à vida deva ser preservado. Veja que tal posição vai além da moral, pois é governada pela ética e se desmembra em valores que prezam pela igualdade e pelo respeito. Muito embora na ciência e filosofia estejamos habituados a evitar verdades absolutas, aqueles processos que foram devidamente provados e que se mostraram válidos dentro de um campo de aplicação passam a ser indiscutíveis, pois há lei por trás, há razão, metodologia e justificativa para cada variável empregada.

É aqui que a lei das leis é desvendada. Eu poderia defini-la como a grande lei. Ela está muito acima da ética, dos valores e das regras. Ela dosa o comportamento, força o silêncio em meio aos gritos, desconstrói absurdos, norteia as leis morais e os códigos civis, supera as adversidades e é eterna. Muito acima de um sentimento banalizado, essa lei é tudo que precisamos para equilibrar nossos anseios e para garantir felicidade no âmbito familiar e profissional. O amor impulsiona o sacrifício, faz valer o esforço, reforça as virtudes e traz o sucesso como mera consequência. Ele é o peso perfeito para garantir a solução da equação. O amor valorizará ou restringirá cada variável com prudência e com equilíbrio para cada situação. “É o amor um dom precioso, que recebemos de Jesus.

A afeição pura e santa não é sentimento, mas princípio. Os que são movidos pelo amor verdadeiro, não são irrazoáveis nem cegos”. A Ciência do Bom Viver, págs. 358 e 359.

Se a lei que tudo governa é o amor, não seria audácia dizermos que ela é a essência do próprio Deus. Sim, é isso mesmo, afinal, a própria Bíblia confirma nossa linha de raciocínio em I João 4:8: “Aquele que não ama, não conhece a Deus, pois Deus é amor”. Essa ideia é reforçada nas palavras de Cristo, pois ele afirma claramente que a lei se resume em amar. É ainda validada quando lemos que o amor é o maior de todos os dons, que ele tudo espera, tudo suporta e que, ao permanecerem a fé, a esperança e o amor, o amor sempre prevalecerá.

Evidentemente, à luz da Bíblia, a lei das leis é o amor.

Em suma, se os homens querem tanto encontrar a equação de Deus que descreva o universo, podemos garantir que ela respeitará a maior de todas as leis. Da mesma forma, o sucesso em nossas relações e em tudo que empreendermos, independente das variáveis, muitas imprevisíveis, só será garantido se respeitarmos sobretudo a lei das leis: o amor.


Ruben Barros Godoy é Doutor em Engenharia Elétrica na área de automação pela Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho (2010). Realizou pós doutorado na École de Technologie Supérieure, em Montreal, na área de Eletrônica de Potência Aplicada a Sistemas Elétricos de Energia. Atualmente é professor Associado na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, atuando na graduação e pós-graduação. É também empreendedor, sócio cotista na empresa Wat Novos Caminhos. Atua nas áreas de pesquisa e desenvolvimento de sistemas ininterruptos de energia on-line, off-line e line-interactive, microinversores, transferência de potência wireless e modernas técnicas de medição de energia e potência elétrica.

O “Rubinho” é ancião na IASD Universitária